quarta-feira, 19 de março de 2008

ENTREVISTA DO DOCTOR AO 'EGO'

ENTREVISTA: Novelinha criada por Marcelo do BBB era uma terapia para ele

'Os personagens representam a vontade que a gente tem de falar do outro', revela ao EGO o médico residente em psiquiatria
Luciana Tecidio Do EGO, no Rio
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O mineiro Marcelo Arantes, de 31 anos, já fez várias revelações. Contou ao EGO que é bissexual, que se interessou por um homem antes de se apaixonar por Gyselle na casa e que não acredita que a participação no " BBB " vá atrapalhar sua carreira de psiquiatra. Ainda assim, faltou Marcelo esclarecer aos fãs do reality show outras polêmicas levantadas por ele dentro da casa do "Big Brother", como a criação de uma história de "ficção" em seu blog, a pressão sobre os participantes do BBB que os levou às lágrimas ou, como no caso de Thati Bione, levar a sister a revelar que já havia beijado outras mulheres. “Era uma terapia diária escrever. Os personagens representam a vontade que a gente tem de falar do outro. Cada um que interprete do jeito que quiser”, diz ele.

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EGO:Muita gente quer saber por que você criou a história fictícia em seu blog e nela compara Rafinha a um "punk no shopping". Ao mesmo tempo, disse que gostaria que ele ganhasse o programa. Como você define esse antagonismo?
Marcelo Arantes: Vou deixar o Armandinho de lado e falar de uma pessoa que é Rafinha . Percebi que ele, pela inteligência e sagacidade, soube lidar com todos bem ali dentro. Tivemos problema, sim, mas não os escondemos. Nós os vivemos intensamente e conseguimos superá-los. De todos ali ele é uma das poucas pessoas que vou procurar para me aprofundar numa relação humana. Sobre o personagem Armandinho, era personagem, quero deixar claro que jamais falarei sobre em quem me inspire. Deixo aberto para cada um interpretar como quiser. Mas fico feliz de saber que isso gerou repercussão.
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Na sua novelinha, Clessy Virgínia escondia um segredo. As pessoas associavam esse nome à personagem criada por Nelson Rodrigues, que era uma prostituta em “Vestido de Noiva”. Você estava falando da Gyselle?
Jamais em momento nenhum usei a palavra prostituta. As pessoas têm o hábito de fazer uma livre interpretação. Posso ter usado palavras que geram segundas interpretações, mas não acho que Gyselle seja prostituta. Todo mundo esconde segredos, mas quando estamos conhecidos, esses segredos vêm à tona. Ela teve, sim, essa experiência no reality show na França. Tem um feeling bom com as câmeras. Isso assusta um pouco. Eu deixo cada um livre para pensar o que quiser.

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Por que você criou essa novelinha?
Porque foi uma forma que encontrei de me comunicar com as pessoas aqui fora e dizer que existiam personagens lá dentro. Cada um que tire suas próprias conclusões. Como qualquer obra literária e obra de arte, dei essa liberdade para as pessoas colocarem a carapuça ou não. Era uma terapia diária escrever aquilo ali. Os personagens representam a vontade que a gente tem de falar do outro. Cada um interprete do jeito que quiser.
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O que mais te incomodava lá dentro ?
O excesso de máscaras. As pessoas ali cada vez criavam mais máscaras. Eu já achei que os personagens eram tantos que estava ficando uma coisa infantilóide. Achava que aquilo era uma ofensa para quem assistia ao programa. Eu quero um assunto produtivo, conhecer o ser humano, saber por que alguém votou em mim. Sinceridade não existe ali. Elas tinham medo de mostrar sinceridade e serem rejeitadas. Mas estou muito feliz com a fama que conquistei.
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Por que você botava as pessoas contra a parede desequilibrando-as? Como foi no caso de Thati, que de tão desestabilizada, acabou revelando já ter beijado mulher na boca?
Assim que entrei na casa, deixei claro que quem entrava ali era a pessoa e não o médico, embora, muitas vezes, ele quebrasse alguns galhos. Ajudei a resolver fungo no pé, um monte de probleminhas deles. Sou psiquiatra. Se tenho a capacidade de fazer análises, esse sou eu. Acredito que não deva ter sido fácil para meus pais e para os meus amigos me aceitarem. A vida é um currículo muito grande onde pude evoluir e me tornar o que sou. A gente leva para lá elementos da nossa vida profissional e pessoal.
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Mas por que espremer as pessoas?
A Thati especificamente foi porque sentia no discurso dela que não era sincera comigo. Existe um foco que as pessoas esqueceram. Quando Bial (Pedro) disse que Marcos não esvaziava a lixeira, vieram dizer que eu era a lixeira, o vilão. Tive a leitura que era para Marcos se distanciar de Marcelo. E eles todos se afastaram de mim. Thati, que era namorada de Marcos, fazia comentários maldosos a meu respeito. Percebi que ela realmente era alguém que ali dentro não seria mais possível ter como como aliada. Sabia que só tinha dois minutos para conversar com ela antes de o Marcelo chegar. E foi o que aconteceu. Ela fez um drama quando Marcos chegou e nos viu discutindo.
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Você sentia prazer em desmascarar as pessoas?
Prazer em fazer as pessoas sofrerem, não, porque seria mórbido da minha parte. Não tenho prazer no sofrimento alheio. Eu me tornava seguro por saber que aquela pessoa não teria mais personagem para interpretar. Eu queria que ela soubesse que ali a Thatiana não precisaria de máscara nenhuma. Aí mesmo ela se soltou. E foi para o quarto dizer o que era. Eu só cutuquei, e ela simplesmente mostrou a face dela. Que bom para ela! Assim, quem gosta dela vai gostar sabendo exatamente o que ela é.
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Qual foi a maior lição que você tirou do BBB?
Que a gente não consegue viver sozinho, que a gente tem que se respeitar, ser tolerante com o outro e que deve ser transparente. Quis mostrar uma coisa a mais que as pessoas talvez não estivessem prontas para ouvir.

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